Descaso


Quando estava refletindo para escrever um novo post para o blog cheguei à conclusão de que embora lute contra isso, em alguns pontos, sou uma hipócrita.

Era um dia qualquer do ano passado. Recém havíamos passado por aquela febre de jogos pan-americanos do Rio de Janeiro. E eu, como uma boa filha esperava na lotérica para pagar contas para minha mãe.

Foi lá que eu encontrei um cartaz parabenizando os para-atletas. Por algum tempo, enquanto a fila andava, aquilo me chamou atenção. Eram cegos, deficientes de membros inferiores e superiores, paraplégicos. Todos sorrindo de uma forma linda com suas medalhas.

Fiquei indignada com a situação. Afinal de contas, as atenções todas se voltaram ao Rio de Janeiro durante um período. Depois disso, todo mundo retomou sua vida e se esqueceu de que os JOGOS NÃO HAVIAM ACABADO.

Os verdadeiros heróis ainda não tinham dado o ar da graça. É verdade que o esporte como um todo, pelo menos aqui no Brasil, deixa a desejar no quesito apoio. Aliás, patrocínio aqui é para minoria.

Porém, os obstáculos de atletas sem estrutura se tornam pequenos perante meus olhos ao me deparar com histórias dos para-atletas. O problema está somente em tomar conhecimento de tais relatos visto que a mídia pouco se importa em relatar na íntegra o que se passa em períodos de jogos destinado a deficientes.

Hoje em dia a relevância da vida se dá através da importância dada pela imprensa. E eu, como futura, comunicadora me envergonho dos atuais quesitos de relevância utilizados.

Minha indignação em relação aos campeões dos jogos para-pan-americanos foi se amenizando com o passar do tempo. E, hipocritamente só retomei tal sentimento hoje, após ler uma manchete qualquer sobre o fim dos jogos para-olímpicos.

Brasil bate recorde e encerra particpação em 9° lugar.
Ainda que de forma tardia, queria demonstrar uma atitude de extremo orgulho aos heróis brasileiros: Aqueles que mesmo com apoio pequeno e reconhecimento menor ainda fazem bonito pelo nosso país. E por isso, mesmo me sentindo uma hipócrita, escrevo.

16 comentários:

tempo que passou! disse...

sabe gabi,esse ano com a Olimpiadas tbm aconteceu isso! NÃO vi nada sobre eles,NADA mesmo!
todo mundo é um poco hipocrita,querendo ou não,a gente é humano,e sendo assim,estamos bem longe da perfeiçao!
que bom que vc gostou do post,pensar daquele jeito me conforta MUITO! :~
beeijos linda ;*

larissa disse...

Acho que eu sou mais hipócrita ainda.. mas enfim, parabéns pra eles!né?
beijosss!
L.

Felipe Nabinger disse...

Sim, somos hipócritas. Choramos e sofremos por uma seleção de jogadores que ganha milhões de euros e cuja única preocupação é o próprio bolso e esquecemos esses verdadeiros heróis. Superação dos limites e amor a camiseta.

Ah e se formos colegas (aula da Flávia) nas quartas saiba que também estou boiando naquela aula. Mal sei usar o Corel e tive que ensinar pra ela como se usa um recurso do programa. ¬¬
Hoje vou acabar nem indo pois estou cheio de trabalhos de outras cadeiras.

Aparece sempre que quiser lá no blog.

Bjos

. disse...

é, eles não estão tendo o valor que merecem, nas olimpiadas não vi nada, enquanto que para os outros tinham flash's paravam a programação, sendo que ELES conquistaram muito mais medalhas, honraram muito mais o nome do nosso mais e se esforçaram muito. e não vejo SEQUER uma materia sobre eles no jornal, o nome dos medalhistas.
está ai mais uma prova do quanto o mundo está preconceituoso :/

beijinhos ;*

M. disse...

sua indignação,é a minha!


ótimo texto.

Rodrigo Dias disse...

Gabi, não é só tu, mas todo mundo é hipócrita nesse sentido. E não só nós, jornalistas - essa história de "comunicadores" aí é muito chata.

Isso faz parte da cultura brasileira - não posso falar dos demais países, né?. Os deficientes, os mendigos, mais outros excluídos da sociedade, só são conhecidos quando a imprensa fala alguma coisa. Muitas vezes porque ela aproveita algum evento para falar alguma coisa.

O que vale fazer? Tentar mudar isso, mas a tarefa é árdua e desgastante. Mas, antes, tem que vir apoio de quem pode, como empresários e o próprio governo.

Uma vez li o David Coimbra (ergh) e concordei (duplo ergh) na questão dos esportes olímpicos no Brasil. O Brasil investe em jogo (como futebol), não em esportes. Os clubes aqui são entidades, e não empresas, e recebem apoio de tudo quanto é lugar. Eles poderiam começar a investir nesses esportes, tanto para os ditos normais quanto para os pára-olímpicos.

O problema é que é uma utopia. No Brasil, o país do futebol, outros esportes e outras pessoas só terão vez quando algo extraordinário acontecer. E o "extraordinário" para os pára-atletas é os pára-olímpicos.

Já se mostrou uma potência. Agora cabe a nós procurarmos ajudá-los.

Bem, fiz um post no teu blog. Desculpa.

Beijo

Cantinho da Cyh disse...

Sabe gabi,acho um enorme descaso com nossos atletas especiais,essa falta de "atençao" com todos eles!
Em certos casos,eles garantem mais medalhas pro nosso pais do que os outros...mas fazer o que ne!a midia nao ajuda =/

;**

Mariana Dandara * disse...

Sabe, antes de postar no blog, ou quando não dá tempo depois de postar, leio meus textos para minha mãe para saber a opinião dela. E faço isso com textos de outras pessoas quando gosto MUITO dos textos, já li dois textos seus para minha mãe. Você escreve muito bem, mesmo! Tenho vontade de conseguir escrever sobre qualquer assunto, como você faz.. Sempre estou focada em uma única coisa. PARABÉNS! :) Quem tem que aplaudir de pé aqui, sou eu!

E sim, não vi nada sobre eles na tv, em nada, não vi mesmo! E me orgulho deles, de saber que mesmo com tanta dificuldade, eles permanecem ali, conquistando.

Beijos :*

Anônimo disse...

Eu também me envergonho...e digo mais, só fui perceber isso esses dias, que estava em casa, assistindo o JN e vi uma matéria sobre o fim das para-olimpiadas. Eu me senti envergonhada de mim e da mídia. Enfim, assim como tu minha filha, eu fico muito triste de ver os caminhos da nosso profissão...por isso, acredito que podemos fazer diferente, diferente da grande midia que dá relevancia demais para coisas de menos e esquece o verdadeiro sentido do seu papel social como mediadores....

O Profeta disse...

Frágil e palpitante luz
A beleza é feita de ternos murmúrios
A voz quebra a quietude do silêncio
A chuva leva a terra ao encontro dos rios

Não há fracassos no sonho
Caminhei nas nuvens para te ver do alto
Abri os braços ao relâmpago
Desci à terra, senti nos pés o frio basalto


Vem comigo escolher o caminho


Mágico beijo

Maldito disse...

Parabesn Gabi,...
Eu tb acho que esses sim são os verdadeiros heróis, sem exposição na midia, sem patrocínio,...Palmas pra eles,...e pra tu!
Bj
INté!

Fabi disse...

Assim agora como nas paraolimpiadas em que os atletas brasileiros apesar de suas limitações e falta de incentivo se superaram e deram show. Um grande exemplo para todos, inclusive para muitos atletas considerados "normais" que competiram na olimpiadas

Camila :) disse...

passandorapido :0

bejoo

Daniel Salles disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniel Salles disse...

Falta a cobertura mesmo! Gosto de assistir o basquete de cadeira de rodas, p. ex., é um esporte dinâmico, tem malícia, habilidade, e muita malandragem...divertido mesmo!

Mas infelizmente vivemos sob o império da estética; por mais louvável que seja, e por mais lindo que seja o esforço dessas pessoas em ultrapassar seus limites, as grandes emissoras não querem mostrá-los no horário nobre...o discurso é politicamente correto, a ação é aquela, velha e já manjada...

Tatah Marley's Confissões disse...

Eu concordo com tudo gabi..
até eu mesma me sinto meio idiota, porque mal acompanho o pan de pessoas sem deficiencia, e quando chega na hora dos verdadeiros herois (muito bem citado), eu nao paro pra assistir nem um dia sequer..
Sou muito egoista neste aspecto, tenho que me trabalhar mais..
adorei mesmo o post!
otima critica!